E as nossas crianças?

13/10/2016

A perplexidade diante do mundo complexo e conturbado em que vivemos deixou de ser um sentimento raro e ocasional, para se situar num patamar que podemos nomear de... COMUM. O individualismo, a pressa, a ansiedade, a insegurança, a falta de ética e a violência não são mais, apenas, notícias na mídia falada, escrita, televisiva. São atitudes e sentimentos muito presentes no cotidiano do nosso convívio social e sem dúvida nos afetam, afligem, inquietam e adoecem o tecido das relações humanas.

E as nossas crianças? É grande o impacto dessa dura realidade em suas vidas. Embora não percebamos facilmente, porque os efeitos desse impacto muitas vezes não são imediatos nem se manifestam claramente, são muitas as suas consequências, caso elas não contem com um suporte familiar afetivo sólido e saudável. Mais do que nunca, o lugar dos Pais e as suas PRESENÇAS ganham proeminência radical! Parece paradoxal. Afinal de contas, pai e mãe precisam trabalhar fora de casa; as demandas de crescimento profissional são crescentes; o trânsito congestionado e caótico lhes rouba o tempo; a sociedade de consumo lhes avisa o tempo todo que precisam dar mais aos filhos do que receberam dos seus pais. E é exatamente por tudo isto que este lugar essencial, que é naturalmente dos Pais, ganha ainda mais relevância.

Hoje não contamos, na grande maioria das vezes, com outros familiares que partilhem, na mesma casa, a educação das crianças. Cabe então ao casal, exclusivamente, assumi-la. Ter a sabedoria de discernir, em meio a tantas convocações, que nada, absolutamente nada será tão estruturante e garantidor do equilíbrio e bem estar dos seus filhos, do que disporem de UM TEMPO DE CONVÍVIO em que possam escutá-los de verdade, acompanhar o seu dia a dia, orientá-los nas suas pequenas e grandes dúvidas. UM TEMPO DE CONVÍVIO em que o seu amor se expresse na compreensão das inquietações de suas crianças e adolescentes, construindo assim a admiração e a confiança que dêem sentido ao lugar de Lei que os pais representam: aqueles que definem os limites e ensinam a respeitá-los, porque revelam pela palavra e pelo exemplo, a importância desses limites para o bem viver, para a vida cidadã, para a felicidade, mesmo.          

Claro que na contemporaneidade este é um desafio enorme e, igualmente, inarredável! Nunca seremos pais perfeitos nem é necessário sê-los. Mas se optamos por ter filhos, devemos fazer jus à escolha que fizemos, colocando o nosso empenho e responsabilidade de pais acima de tudo; oferecendo àqueles que colocamos no mundo, a possibilidade de terem uma existência digna e feliz.

Lourdinha Tenório (Dir. M. Lobato)

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Escola Monteiro Lobato, reinventando o fazer educativo!